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quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Qualidade para safra de uva de 2011 no Rio Grande do Sul

Condições climáticas favoráveis garantem qualidade à safra de uva
Clima seco vai garantir uma produção até 15% superior
Marcelo Beledeli
JOÃO MATTOS/JC
Rio Grande do Sul deve colher volume próximo de 614 milhões de quilos neste ano com preços majorados
Rio Grande do Sul deve colher volume próximo de 614 milhões de quilos neste ano com preços majorados
A safra de uvas de 2011 no Rio Grande do Sul, que se inicia nesta primeira quinzena de janeiro, promete ser uma das melhores dos últimos anos. As condições climáticas favoráveis contribuíram para o desenvolvimento das frutas, garantindo uma produção em maior quantidade e melhor qualidade que em 2010. Além disso, outro fator que também anima os produtores é a expectativa de maiores ganhos neste ano.


Segundo o Instituto Brasileiro do Vinho (Ibravin), a safra de 2011 deve ultrapassar os 614 milhões de quilos de uvas colhidos, volume 15% maior do que a de 2010, que foi de 534 milhões de quilos. O principal motivo para o melhor desenvolvimento das frutas foi o fenômeno climático La Niña, que ocasiona um menor índice de chuvas na primavera e no verão no Rio Grande do Sul. “Para a uva isso é muito bom, pois ela tem uma maturação melhor e acumula mais açúcares, gerando um produto de melhor qualidade tanto para a indústria de vinhos e sucos quanto para a fabricação de doces ou mesmo o consumo in natura”, explica Diego Bertolini, gerente de Promoção e Marketing do Ibravin.


A melhoria da qualidade das frutas também deve ter efeitos positivos no bolso dos produtores. Em novembro, o preço mínimo, que há quatro anos não era reajustado, teve uma valorização de 13%, passando de R$ 0,46 o quilo para R$ 0,52 o quilo. Embora tenha ficado abaixo dos R$ 0,59 reivindicados, os produtores esperam obter valores maiores nas negociações. “Tendo mais qualidade a uva fica automaticamente mais valorizada. Além disso, a procura das indústrias está muito grande, e com mais competição temos condições de fazer negociações que nos deem mais lucro”, explica Inês Fagherazzi Bettoni, presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Bento Gonçalves, Monte Belo do Sul e Santa Tereza.


As vinícolas confirmam o interesse em aumentar o volume de frutas compradas para aproveitar a qualidade superior. A Salton, de Bento Gonçalves, projeta receber 24 milhões de quilos de uvas em 2011, quase 50% a mais do que os 16,3 milhões adquiridos em 2010. “Sabemos que a qualidade neste ano será prodigiosa”, afirma Daniel Salton, presidente da empresa. Já a vinícola Perini, de Farroupilha, pretende processar 12 milhões de quilos de uvas neste ano, contra 10 milhões da safra passada. Segundo Benildo Perini, presidente da empresa, os produtores de vinho esperam que a contribuição do clima continue até o final da colheita, em março. “Se não ocorrer um acidente climático, como granizo, devemos ter uma das maiores safras de todos os tempos”, comemora.


Outra vantagem trazida pelo clima mais seco para os produtores é a redução de fungos e outras doenças causadas pelo excesso de umidade. “As videiras estão com uma sanidade excelente, com folhas bem nutridas e expostas”, explica Luciano Vian, enólogo da vinícola Don Giovanni e presidente Associação dos Produtores de Vinhos de Pinto Bandeira. Essas condições contribuíram para reduzir os custos com tratamentos das plantas. “Para a safra de 2010, os produtores da Serra gaúcha tiveram que fazer em torno de 25 tratamentos em seus parreirais antes da colheita. Para esse ano, a média deve ficar abaixo de 12”, afirma Gilberto Luiz Salvador, engenheiro-agrônomo da Emater-RS.

Setor vitivinícola acredita na manutenção do selo fiscal

A presidente do Sindicato da Indústria do Vinho do Rio Grande do Sul (Sindivinho-RS), Cristiane Passarin, disse que o setor confia na derrubada pela Justiça da liminar concedida à Associação Brasileira de Exportadores e Importadores de Alimentos e Bebidas (ABBA) que autoriza seus associados a não cumprirem a colocação do selo fiscal nos vinhos e espumantes. Segundo a dirigente, o início de vigência da medida, em 1 de janeiro deste ano, representa um passo importante para o fortalecimento da produção nacional.


“O selo vai ajudar a moralizar o mercado interno, inibindo a sonegação e descaminhos (contrabando) e dará maior garantia ao consumidor de adquir um produto de qualidade assegurada”, resume Cristiane. Ela lembra que o selo é um instrumento eficaz, já sendo utilizado com sucesso também em outras bebidas de largo consumo, como cachaça, vodkas, uísques e conhaques. Segundo ela, sua aplicação nos vinhos e espumantes atendeu à reivindicação de todas as entidades representativas do setor. Para a presidente do sindicato, o pedido de liminar impetrado pelas entidades dos importadores é compreensível, portanto seus interesses são distintos daqueles defendidos pela cadeia vitivinícola brasileira. “O produto importado já abastece mais de 80% do consumo de vinhos de uvas de castas viníferas e certamente os importadores querem destruir o que resta de participação brasileira”, assinala.

Tecnologia via satélite invade o campo e ajuda na busca de soluções

Ana Esteves


A aproximação do setor primário de ferramentas tecnológicas já virou praxe: da agricultura de precisão, passando por sementes e insumos com alto poder produtivo, até o uso de satélites para solucionar questões de gestão e medição de safra. Recentemente, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) anunciou um trabalho que vai mapear as lavouras de arroz do Rio Grande do Sul, com o uso de imagens de satélite.


“Através desse trabalho será possível fazer um levantamento de estoque e saber o tamanho das áreas de cultivo”, disse o presidente da Federarroz, Renato Rocha. Segundo ele, além do trabalho via satélite, é importante que os técnicos também levem em conta os dados colhidos direto a campo, para que se tenha maior confiabilidade. O dirigente disse que muitos produtores também estão usando as ferramentas de georreferenciamento em cumprimento ao decreto 5.579/05 de 31 de outubro de 2005, que fixou os prazos legais para o georreferenciamento de imóveis rurais.


O Instituto Rio-Grandense do Arroz (Irga) utiliza o geoprocessamento há algum tempo para avaliar o estágio de desenvolvimento das lavouras e também o tamanho das áreas plantadas. “Temos alguns problemas, como no caso dos dias nublados, quando as imagens ficam ruins e não se consegue distinguir se é lavoura ou área de preparo”, disse o presidente da entidade, Maurício Fischer. A intenção do Irga é montar um cadastro dos orizicultores, a partir das imagens geradas via satélite, para poder ter um acompanhamento sobre onde e quanto estão plantando. “Mais de 60% são arrendatários que constantemente trocam de áreas, queremos ter um controle para fins de indenização em caso de sinistro.”


O técnico científico do núcleo de Cartografia e Geoprocessamento da gerência técnica da Emater-RS, Antônio Borba, disse que as técnicas que trabalham com uso de imagens também são úteis para aqueles produtores que tenham interesse em incrementar a gestão de suas propriedades, o que tem ocorrido no caso das lavouras de fumo e soja. “Também utilizamos o GPS em solo, como aliado das avaliações via satélite”, afirmou.


Segundo o consultor de sensoriamento remoto da Conab André Souza o sistema é complementar às informações coletadas para a safra de grãos, durante o processo de pesquisa de campo, com um índice maior de exatidão. Toda a área cultivada de arroz, irrigada ou não, no Sul e na Fronteira-Oeste do Estado já foi mapeada com pontos geolocalizados por meio de GPS. O técnico lembra que o processo é muito complexo e exige tempo para realização do trabalho, devido ao  grande número de cálculos para as inúmeras  cenas de satélite. No Estado, são usadas informações de órgãos públicos e também a base de imagens do Google.


Fonte: http://jcrs.uol.com.br/site/noticia.php?codn=51537

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