Pensamento

" Não são os grandes planos que dão certos, são os pequenos detalhes" Stephen Kanitz

domingo, 17 de abril de 2011

Lixo urbano no Sul Fluminense.

Região analisa problema do lixo urbano


Sul Fluminense
A preocupação com a preservação do meio ambiente e adoção de políticas públicas que visem o desenvolvimento sustentável tem sido motivo de discussão entre diferentes instâncias da sociedade. Neste aspecto, a crescente produção de lixo é um problema atual e requer a implementação de iniciativas que garantam a destinação adequada deste material.
De acordo com os números da Secretaria de Serviços Públicos de Volta Redonda, são recolhidos todos os dias cerca de 180 toneladas de lixo, representando 5,4 mil toneladas de material descartado por mês e um total de 65,7 mil toneladas anuais. Com isso, cada voltarredondense produz, em média, 252 quilos de lixo a cada ano. Em Barra Mansa a população produz mensalmente 2.500 toneladas de resíduos, o que representa uma média diária de 83,3 toneladas.
Segundo o engenheiro Sérgio Antônio da Silva, responsável pela Coleta Seletiva em Barra Mansa, o habitante de uma cidade de médio porte produz cotidianamente de 500 gramas a um quilo de lixo, número que tende a quase dobrar nas capitais.
A Cooperativa Popular dos Agentes do Meio Ambiente de Volta Redonda - conhecida como Reciclar - recebe mensalmente 100 toneladas de lixo recolhido na cidade. Desse total, 65 toneladas são passíveis de serem aproveitadas no processo de reciclagem. A quantidade restante que chega à cooperativa não pode ser reutilizada, pois é composta por resíduos orgânicos que foram equivocadamente colocados para a coleta seletiva. Ele ressaltou que o descarte de vidros e lâmpadas requer um cuidado especial, a fim de evitar possíveis acidentes de trabalho ao manuseá-los.
Segundo o presidente da Reciclar, Gilson Juarez Correia, o número de pessoas que desenvolveram o hábito de separar o lixo orgânico - como restos de comida - do reciclável tem aumentado; porém, ele ressalta a necessidade de que todos se envolvam nesta empreitada.
"No início do projeto, há dois anos, o aproveitamento correspondia a apenas 35% do total de toneladas produzidas. Hoje, temos um percentual de 65% e cada vez mais pessoas que se dispõem a participar. O nosso apelo é para que a população tenha em mente a necessidade de se envolver com esta causa", afirmou.
Em Barra Mansa, segundo Sérgio Antônio da Silva, responsável pela coleta seletiva na cidade, 15% das 2,5 mil toneladas de lixo são recicladas. Ele afirmou que o município tem trabalhado no sentido de viabilizar o procedimento em 35% deste total.

Prática equivocada
Um produto de uso comum que também requer a atenção no momento de descarte é o óleo de cozinha: geralmente as pessoas eliminam este produto utilizando a rede de esgoto como depositário.
Segundo informações da Ecoóleo (Associação de Coletores de Resíduos Líquidos e Sólidos), cada litro de óleo jogado no esgoto ou na rede de águas pluviais tem capacidade de poluir cerca de um milhão de litros de água, o equivalente ao consumo de uma pessoa no decorrer de 14 anos.
De acordo com a associação, são recolhidos anualmente em Volta Redonda 25 mil litros de óleo; deste total, cerca de 8 mil litros correspondam a resíduos, que representam material mais agressivo ao meio ambiente e precisam ser tratados e recuperados para depois receberem destinação adequada. No caso de Volta Redonda, este material é encaminhado para ser utilizado como adubo orgânico. O óleo propriamente dito, livre de resíduos, é transformado em biodiesel.
A única pesquisa realizada pela ONG em 2007 - com o objetivo de reconhecer a característica do consumo do produto na cidade - revelou que, na época, estava em circulação 300 mil litros de óleo para o consumo. Sebastião Silva lembra que, apesar de não terem sido efetuadas pesquisas recentemente, pode-se garantir que este número, atualmente, é ainda maior.
"A população está crescendo, e como consequêcia temos o aumento do consumo e da produção de óleo, que é extremamente danosa para o meio ambiente caso não receba tratamento adequado", disse.
A ONG realiza o recolhimento do óleo em instituições de ensino, empresas e estabelecimentos comerciais da cidade. Hoje, o projeto conta com 180 escolas e 500 estabelecimentos comerciais voluntários. Além do cumprimento do papel social, quem doa também recebe um incentivo a mais: a cada 50 litros de óleo recolhido o voluntário recebe 10 litros de cloro e escolhe uma instituição de ensino que receberá a quantia em dinheiro relativa à quantidade de óleo arrecadada.
De acordo com o presidente da ONG, o recolhimento de 25 mil litros anuais é um resultado satisfatório. Porém, segundo ele, o ideal é que a cidade conseguisse atingir o patamar de 50 mil litros de óleo coletados.
"A persistência é uma qualidade necessária para este tipo de ação. Juntar um litro de óleo em uma residência é algo demorado, mas não se deve desistir, nem é necessário esperar ter uma grande quantidade para que o material seja recolhido", destacou.


Pioneiro na região, aterro de Piraí já atende a Pinheiral e Rio Claro
Piraí
A cidade de Piraí é a única da região, segundo o Inea (Instituto Estadual do Ambiente), que tem o licenciamento ambiental regularizado para funcionamento. O processo de construção do aterro sanitário do município foi encabeçado na gestão do ex-prefeito Luiz Fernando Pezão (PMDB), hoje vice- governador do estado e, na ocasião, o município foi pioneiro no Sul Fluminense em implantar um sistema ecologicamente correto para o recolhimento de resíduos sólidos.
Passados mais de dez anos desde que Piraí conseguiu o licenciamento ambiental do Inea, a cidade continua sendo a única da região a dar um destino correto ao lixo não reciclável, e hoje já consegue atender a outros municípios, a exemplo de Pinheiral e Rio Claro.
- Conseguimos o licenciamento em 2000 e já tivemos a licença renovada, nos permitindo também receber os resíduos de Pinheiral e Rio Claro. Hoje fazemos o tratamento o chorume de 22 toneladas de lixo de Piraí, mais 13 toneladas de Pinheiral e sete toneladas de Rio Claro. Este montante é recebido diariamente - contou a secretária de Turismo e Meio Ambiente de Piraí, Sheila Villela.
Conforme esclareceu o Inea, o processo de licenciamento de um aterro sanitário prevê uma série de condicionantes para a adequada disposição dos resíduos de forma a atender a legislação ambiental, inclusive a elaboração de Estudo de Impacto Ambiental (EIA). Por atender a todas as exigências ambientais, o município teve aprovada a renovação para funcionamento do local.
- O aterro sanitário é o destino final do lixo. Ele tem o terreno é preparado e a terra impermeabilizada para fazer com que o chorume não contamine os lençóis freáticos. O aterro de Piraí está a mais de dois metros acima da camada de solo original, para que se evite a infiltração do chorume a ponto de contaminar algum lençol da região - contou.
Sheilla lembra que também existe no aterro sanitário uma canalização do chorume, que é direcionado em valetas com formato de "espinha de peixe" até um ponto onde é tratado biologicamente.
- Tratamos o chorume biologicamente através de um filtro (Wetland) que é a utilização de plantas aquáticas. Desenvolvemos este projeto em parceria com a Uerj (Universidade do Estado do Rio de Janeiro) que ainda faz as análises gratuitas periodicamente - lembrou.
Embora o aterro sanitário de Piraí atenda também aos municípios de Pinheiral e Rio Claro, o licenciamento do aterro não saiu para um consórcio; somente Piraí tem a licença para funcionar.
- Não é um processo fácil o de licenciamento, mas também não impossível. Tivemos a sorte de um governante entender a importância de se investir em aterro sanitário como forma de manutenção da saúde, e o processo veio se desenrolando desde então com os outros governantes também sensíveis à causa - afirmou.

Região espera aprovação para aterros de quatro consórcios
Embora a cidade de Piraí seja a única da região com licenciamento ambiental para funcionar, os demais municípios têm os ditos vazadouros, conhecidos como lixões. Os vazadouros são considerados meios inapropriados de disposição de resíduos e são vistoriados periodicamente pelos técnicos do Inea, principalmente para verificar a disposição de resíduos a céu aberto, contaminação de lençóis freáticos e disseminação de vetores de doenças.
No entanto, várias cidades têm processos abertos para composição de consórcio a fim de formarem aterros coletivos. Pelo menos quatro consórcios já firmaram protocolo de intenções, de acordo com a assessoria de comunicação do Inea. Fazem parte dos consórcios de intenção, ao todo, 14 municípios - alguns compondo, inclusive, mais de um consórcio.
Os consórcios protocolados são o Sul Fluminense 1 (formado pelas cidades de Volta Redonda, Barra do Piraí (parte), Pinheiral e Rio Claro), Sul Fluminense 2 (Resende, Itaitiaia, Porto Real e Quatis), Vale do Café (Valença, Barra do Piraí (Centro/Ipiabas), Vassouras e Rio das Flores) e, por fim, o consórcio Costa Verde (que engloba Angra dos Reis, Mangaratiba, Resende e Rio Claro).

Fonte: Diário do Vale

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