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sábado, 16 de fevereiro de 2013

Mais um problema para os peixes: antidepressivos

José Eduardo Mendonça - 15/02/2013 às 08:43




Medicamentos tornam percas européias mais valentes e menos sociais
As benzodiazepinas estão entre as drogas mais prescritas no mundo. Elas incluem campeões de venda como Noctal e Valium. Bilhões de antidepressivos, ansiolíticos, hipnóticos, sedativos e antipsicóticos feitos com a substâncias são receitadas por médicos todo ano. Tratam uma variedade de desordens, de insônia a esquizofrenia, e também causam mortes por overdose.
Mas nem todas acabam dentro de pacientes, já que estas drogas miram proteínas chamadas receptores GABA, que são encontrados em uma variedade de outros organismos, como os de peixes, por exemplo.
A distribuição de drogas farmacêuticas em escala tão grande, combinada a sistemas imperfeitos de filtragem e tratamento de água, está fazendo com que algumas delas terminem no ambiente, e há anos cientistas estudam os efeitos de uma variedade de substâncias em ecossistemas e no comportamento animal. Agora, um grupo de pesquisadores da Universidade Umea, na Suécia, encontrou traços de uma droga contra a ansiedade chamada oxazepam (não comercializada no Brasil, e na Europa com marcas como Serax) em percas do rio Fyris. O que eles observaram foram alguns fatos estranhos e potencialmente preocupantes.
Estudando as percas em tanques de laboratório, descobriram que mesmo concentrações relativamente baixas da droga mudavam o comportamento dos peixes, tornando-os mais ousados e menos sociáveis. Os resultados do trabalho foram anunciados no encontro anual da Sociedade Americana para o Avanço da Ciência.
O oxazepam, excretado na urina dos pacientes, é uma molécula muito estável. Sobrevive ao tratamento da água e apenas lentamente se dissolve no ambiente. O efeito sobre os peixes é magnificado pelo fato de que a droga se acumula em seus corpos – a concentração nas percas do rio Fyris é seis vezes maior que na água do rio, diz Tomas Brodin, líder do estudo.
Brodin disse que os efeitos sobre as percas – particularmente seus hábitos alimentares – podem ser perigosos. Os peixes medicados são mais dispostos a abandonar seu cardume e refúgios seguros e sair sozinhos para procurar alimento. Além disso, comem mais rápido que o normal, informa o Financial Times.
Foto: markbyzewski

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