Eike Batista monta no Ceará a primeira usina solar do Brasil. Será um bom negócio?
Aline Ribeiro
Aposta
Técnicos da MPX supervisionam a construção da usina solar no Ceará. Ela vai gerar energia suficiente para abastecer cerca de 1.500 famílias
A usina solar é um teste da empresa energética MPX, do empresário Eike Batista. A MPX investiu R$ 10 milhões na construção. Nos primeiros anos, a usina vai gerar 1 megawatt de energia, suficiente para abastecer 1.500 famílias. A MPX tentará vender essa energia diretamente para grandes consumidores, como indústrias. Cada megawatt de energia solar ainda é cinco vezes mais caro do que de hidrelétricas, mas tem o apelo de ser uma fonte limpa. Para a MPX, a usina faz parte de uma estratégia de longo prazo. “Não vejo esta primeira fase como uma aposta econômica para agora”, afirma Marcus Temke, diretor de implantação e operação da MPX. “Estamos pensando em retorno para dez anos, seguindo a cultura do Eike de que temos de ler o jornal de amanhã.”
Como está hoje, a planta de Tauá é um cisco para um país que precisa de pelo menos 5 gigawatts adicionais ao ano para sustentar seu crescimento. Mas representa uma aposta estratégica para o país. O Brasil tem área para instalar os espaçosos painéis, conta com reservas abundantes de silício, principal componente dessas placas, e esbanja insolação. No entanto, o Plano Decenal de Energia, uma diretriz federal para as políticas públicas de investimentos energéticos até 2020, nem sequer cita alguma previsão de aproveitamento solar.
A experiência internacional sugere que a energia solar tem futuro. A Alemanha, uma das líderes nessa tecnologia, aumentou sua capacidade instalada de 10 gigawatts para 17 gigawatts de 2009 para o ano passado. A capacidade de geração no mundo deverá crescer 640% até 2020, segundo a Agência Internacional de Energia. O preço vem caindo em parte por causa do ganho de escala das usinas e por inovações tecnológicas na fabricação das placas solares. Nos Estados Unidos, que tem a maior geração solar, o preço por watt caiu 60% nos últimos cinco anos. Na ensolarada Califórnia, nos horários de pico, a energia solar já compete com a gerada por termelétricas a gás. A tendência é que o preço continue baixando. “Em cinco anos, a solar já vai ser mais competitiva em alguns lugares do Brasil”, diz Arno Krenzinger, coordenador do Laboratório de Energia Solar da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
É uma chance para o sertão brasileiro.
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