Devolva nosso dinheiro!
A notícia do fechamento da Azaleia em Parobé é uma tragédia, particularmente para a cidade e para as 800 famílias diretamente atingidas. Mas, infelizmente, não foi uma grande surpresa para quem acompanha a trajetória dessa empresa nos últimos anos.
Em 2005, ela fechou a unidade de São Sebastião do Caí, desempregando 2,5 mil pessoas, e em 2008 foram 800 desempregados em Portão. Agora, o Ministério Público Federal decidiu abrir inquérito para apurar como o Grupo Grendene, que controla a Azaleia, se beneficiou de empréstimos do BNDES da ordem de R$ 3bilhões a juros ínfimos (menos de 4% ao ano), promovendo demissões em massa.
O BNDES é um banco público, controlado pelo governo federal, e portanto deveria estar financiando a geração de empregos.
No Rio Grande do Sul, a Azaleia tem recebido tratamento privilegiado. ''Durante o governo de Antônio Britto (1995-1998), a Azaleia foi beneficiada com incentivos fiscais que somam R$ 53 milhões atualizados''.
Não por acaso, esse ex-governador, ao sair do Piratini, passou a exercer a função de conselheiro da Abicalçados (Associação Brasileira dos Calçadistas) e depois ganhou o cargo de presidente executivo da Azaleia!
A guerra fiscal é uma desgraça para o Brasil. Entrar ou não nela é uma decisão que deveria ser tomada pelo povo gaúcho, através de um plebiscito democrático no qual os prós e contras fossem debatidos.
Afinal, é o dinheiro de cada contribuinte que está em jogo, portanto justíssimo que todos decidam juntos se uma empresa deve ser brindada com a possibilidade de não pagar impostos que fazem uma falta enorme aos cofres públicos.
Mas o mínimo que um Estado deveria fazer ao decidir destinar parte dos impostos pagos pelo seu povo para uma empresa '''é exigir que ela devolva o dinheiro se resolver ir embora depois'''.
É o que a Azaleia deveria ser obrigada a fazer agora. ''Vai embora? Então devolva tudo o que recebeu de nós''! Tenho certeza de que assim esta visão “migratória” das empresas iria se modificar.
(Luciana Genro)
(Luciana Genro)
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