Pensamento

" Não são os grandes planos que dão certos, são os pequenos detalhes" Stephen Kanitz

quinta-feira, 11 de outubro de 2012

    

O mar congelado na Antártica bate recorde. Cadê o aquecimento global?

O Ártico no Polo Norte bateu o recorde de derretimento no verão. Este ano caminha para fechar como o mais quente da história. Foi o verão mais escaldante no Hemisfério Norte. Por outro lado, do lado de cá do mundo, surgem outras notícias. Os pinguins da Antártica não devem estar tão preocupados agora. O mar congelado que cerca a Antártica, no Polo Sul, bateu o recorde de extensão no inverno. A camada de gelo flutuante (que aparece em branco na imagem acima) chegou a 19,44 milhões de quilômetros quadrados em 2012, segundo o Centro Nacional de Neve e Gelo (NSIDC), dos Estados Unidos. O recorde anterior, de 2006, era de 19,39 milhões de quilômetros quadrados.
O mapa acima mostra a maior extensão já registrada. Foi feito a partir de imagens de satélite. A área em cinza escuro é de terra firme. O cinza claro são as geleiras que saem da terra firme, mas estão flutuando.
O que houve com o aquecimento global? O recorde na Antártica indica que a Terra não está esquentando? Não é bem assim. Primeiro, embora seja um recorde, a extensão de gelo atual não está tão distante da média. A linha amarela mostra a média da extensão de gelo nos meses de setembro entre 1979 e 2000. Em alguns lugares, especialmente no Mar de Bellingshausen, o gelo este ano está menor do que a média histórica.
O gráfico abaixo mostra a oscilação da extensão de gelo flutuante na Antártica. Aparentemente, há um aumento ligeiro nas últimas décadas.

Em comparação, o histórico do Ártico é bem claro. A calota polar está desaparecendo década após década no verão. Este ano o Polo Norte bateu mais um recorde histórico de pouco gelo no verão. O gráfico abaixo mostra a retração no gelo ártico desde 1979. A linha preta é a variação na extensão do gelo, ano a ano. A linha azul mostra a tendência.

Segundo os cientistas, o inverno com muito gelo na Antártica e o verão com pouco no Ártico são fenômenos distintos. Para os pesquisadores Claire Parkinson e Donald Cavalieri, da Nasa, agência espacial americana, os hemisférios da Terra têm uma grande variabilidade de um ano para o outro. Pode haver mais gelo num e menos no outro. Ou mais gelo em ambos. E menos gelo em ambos”, afirmam. “Apesar disso, as tendências de longo prazo são claras: a magnitude da perda de gelo no Ártico excede consideravelmente os ganhos na Antártica.”
Para os pesquisadores da Universidade do Colorado, que fazem parte da equipe do NSIDC, comparar as tendências de gelo do verão e do inverno em dois polos é problemático porque são dois processos diferentes. “Durante o verão, o gelo flutuante derrete e a superfície escura do mar aumenta o aquecimento. No inverno, há outros fatores, como nevascas no gelo e o vento. Pequenas alterações na extensão do gelo no inverno são um sinal mais ambíguo do que a perda de gelo no verão. A expansão do gelo no inverno da Antártica pode ser efeito de variações nos padrões de vento e queda de neve. Já o declínio do gelo no Ártico é mais ligado ao aquecimento global”, escrevem os pesquisadores no blog do NSIDC.
(Alexandre Mansur)

quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Galactolatria: mau deleite"

Filósofa Sônia Felipe lança livro que revela os malefícios do leite

08 de outubro de 2012 às 6:00


(da Redação)
Colaboradora da ANDA, Sônia T. Felipe assina a Coluna Questão de ética há quase quatro anos. Seu livro, Galactolatria: mau deleite, é um texto voltado à questão da extração do leite bovino e seus desdobramentos nocivos à vida e ao bem próprio das vacas, à saúde ambiental e humana.

O livro “Galactolatria: mau deleite” foi impresso em papel reciclado (Foto: Divulgação)

 

Tornar-se vegana, rodeada por onívoros e por comedores ainda afeiçoados à ingestão de alimentos produzidos a partir da secreção da glândula mamária das fêmeas bovinas, é uma decisão que requer alguma determinação da vontade. Para nutrir tal determinação ética, a filósofa Sônia T. Felipe fez um percurso de leituras fora do cenário filosófico, investigando a literatura especializada (médica e técnica), para obter os dados e informações que tecem a rede da galactolatria, apresentados aos leitores de língua portuguesa de modo claro e fluente neste livro.
O título da obra Galactolatria: mau deleite (idolatria do leite, vista como um mau deleite), lançada nas redes sociais em 4 de outubro de 2012 (dia consagrado a São Francisco), foi criado para designar a adoração que grande parte das pessoas tem pelo leite e, mais comumente, por seus derivados (iogurtes, queijos, cremes, manteiga, ghee).
Mas não é apenas no título da obra que encontramos um termo grego. Cada um dos cinco capítulos dessas 304 páginas carregadas de informação e da concepção abolicionista vegana, vem nomeado por um neologismo criado a partir do grego: Galactoética (a descrição crítica do sofrimento das vacas e vitelos no sistema de extração do leite); Galactopoese (a descrição da composição do leite bovino e a comparação entre a constituição original do leite de diferentes fêmeas); Galactogenia (a reunião das declarações de médicos contrários à ingestão do leite bovino por humanos em qualquer idade, sobre os males associados ao consumo do leite e derivados); Galactocracia (a apresentação dos dados da extração do leite em cada país e o montante em cada continente, com a respectiva montanha de excrementos que essa produção representa); e, por fim, Galactoclastia (uma espécie de conclusão, alusiva ao ato da quebra dos ídolos que impedem a visão da realidade).
O livro, impresso em papel reciclado, traz um índice remissivo com mais de 500 verbetes, facilitando a busca por tópicos e termos, e uma lista da produção bibliográfica da autora, além de 602 notas referindo as fontes usadas. A capa, criada por Victor de la Rosa especialmente para a obra, é pura arte, na qual tetos e úberes encavernados estão sutilmente referidos em suas materializações deformadas. A diagramação, de Maurício Varallo, está impecável. No Prefácio, a autora agradece nominalmente a quase todos os defensores dos animais brasileiros, servindo este texto, por si só, como um registro histórico do que há de mais representativo no Brasil em termos de defesa animal abolicionista. A apresentação deste livro ficou a cargo da ativista feminista dos direitos animais, vegana e abolicionista, Tamara Bauab Levai.
Os termos do grego, por quê?, perguntamos. Não havia termos em português, para designar este livro e cada um dos capítulos? “Não”, responde-nos a autora. “Os termos precisaram ser criados, exatamente porque o espírito do livro foge ao padrão que o tratamento do leite recebe na literatura convencional. Este livro”, enfatiza Sônia T. Felipe, “não é uma apologia à ingestão do leite bovino por humanos. É, acima de tudo, um livro que informa o consumidor sobre a realidade disfarçada por trás da brancura do leite. Uma realidade nada branca, brutal. É um livro em defesa das fêmeas bovinas usadas no sistema de extração do leite. Um livro para quem deseja despertar sua consciência ética animalista”, conclui a autora.
Mas, se as pessoas param de ingerir leite de vaca, isso não as deixa doentes? A resposta de Sônia T. Felipe é firme e direta, aliás, seu estilo de escrita: “Se as pessoas não gostam de alimentos de origem vegetal que contêm os nutrientes que o leite conjuga, e se elas não comem os alimentos vegetais que contêm cálcio, gorduras saturadas, açúcar e vitaminas, então, sim, elas adoecem”.
O leite contém tudo isso, mas contém também o que não convém à saúde humana: caseína, hormônios bovinos, resíduos de antibióticos (dados às vacas por conta da inflamação do úbere e dos cascos), pus, nitratos, nitritos, lactose e resíduos dos pesticidas usados na produção dos grãos e cereais que elas são forçadas a ingerir para disparar a secreção mamária. O leite produz gás metano, que causa imensa dor às vacas, quando não expelido, e destrói a camada de ozônio quando emitido na atmosfera.


A autora Sônia T. Felipe (foto) foi motivada pela busca de dados contrários ao mito da necessidade de leite bovino para o sustento do organismo humano (Foto: Divulgação)
“Somados esses ingredientes maléficos do leite, que não aparecem na descrição de sua composição na caixinha ou saquinho, muito menos nas embalagens dos queijos, manteiga e iogurtes”, afirma Sônia T. Felipe, “esse, definitivamente, não é um alimento saudável para os humanos, se é que tal composição é saudável para os bezerros. A vantagem, para a maior parte dos bezerros, é que eles são impedidos de mamar o leite de sua mãe. São os humanos que ingerem essa coisa, não eles!”
O que a levou a escrever o livro? Diferentes razões, responde a autora. A mais forte foi a busca, na literatura médica norte-americana, e na literatura técnica canadense, neozelandesa e britânica, de dados contrários ao mito da necessidade de leite bovino para o sustento do organismo humano. Essa busca começou com a decisão de parar de ingerir tudo o que é derivado de animais, há mais ou menos 14 anos.
À época, esclarece Sônia T. Felipe, ela havia parado de comer carnes por 10 anos. A decisão de tornar-se genuinamente vegetariana foi fundamental para a busca da literatura de ajuda na condução da própria dieta, porque há uma década e meia atrás, não havia médico ou nutricionista que soubesse orientar uma pessoa na condução de uma dieta vegana. Hoje já os há. Mas o número é ínfimo, comparado ao número de pessoas cheias de mazelas, no Brasil, devidas, provavelmente, à galactomania. Mas os médicos continuam a ignorar isso em seus estudos de medicina. Eles se formam pelo padrão galactófilo. “É triste, mas é verdade! Poucos médicos podem ajudar pacientes na condução de uma dieta vegana, porque eles estão convencidos de que sem alimentos de origem animal não se pode ter saúde. Isso ainda precisa ser desconstruído. A gente não tem muito tempo para ficar esperando por essa mudança”, diz a autora. “Então, o negócio é buscar as informações onde elas já estão registradas. Foi o que fiz”, conclui a autora, “e agora coloquei todas essas informações à disposição das pessoas. Procurei escrever da forma mais clara e direta possível, acrescenta a autora, justamente para facilitar a leitura também de pessoas que costumam ler muito pouco. O livro é importante para todas as pessoas”, declara a filósofa.
Sônia estava realizando seu pós-doutorado em Bioética – Ética Animal, na Universidade de Lisboa, em 2001, quando leu pela primeira vez a obra de John Robbins Diet for a New America, na qual o autor desmistifica o consumo de leite bovino como forma de proteção contra a osteoporose. Depois veio a leitura da obra mais importante já escrita até hoje, sobre a associação da caseína (proteína do leite) ao câncer, The China Study, escrita por Colin T. Campell & Campell II, e a desmistificação do cálcio contido no leite bovino como remédio contra a osteoporose. “Justamente esse mal é o que assusta a maior parte das pessoas quando se fala em abolir o consumo de leite”, salienta a autora.
“Há quase 12 anos”, continua, “com a leitura desses livros, comecei a tomar notas das informações relevantes para seguir a dieta vegana. Nesse intervalo, conclui, publiquei o Por uma questão de princípios: alcance e limites da ética de Peter Singer em defesa dos animais (Boiteux, 2003), e Ética e experimentação animal: fundamentos abolicionistas (Edufsc, 2006), ambos dedicados à questão dos animais”.
Àquelas leituras somaram-se outras, intercalando a de livros dos médicos que fazem parte do Comitê dos Médicos por uma Medicina Responsável, criado por Neal Barnard e formado por mais de 6.000 médicos que seguem um padrão de dieta estritamente vegana (plant based foods) no tratamento e cura de todas as doenças, das cardiopatias graves ao câncer. “E, no Brasil, foi um alívio a publicação dos livros dos médicos, Eric Slywitch, Marcio Bontempo e Alberto Peribanez Gonzalez, todos dispensando da dieta os alimentos animalizados”, ressalta a autora.
Foi baseada na literatura inglesa, no original, e de posse de informações escondidas do público não versado em inglês, que a autora tomou a decisão de escrever Galactolatria: mau deleite, possibilitando, finalmente, aos brasileiros, saber algo mais sobre o leite bovino, algo que não está escrito nas caixinhas, saquinhos e embalagens de laticínios levados do supermercado para casa.
O que as pessoas podem esperar do livro?, perguntamos. “Informações fundamentais para orientar suas decisões morais relativamente à ingestão de leite e laticínios”, foi a resposta. E o que as pessoas não devem esperar deste livro? Nas palavras da autora, elas não devem esperar qualquer orientação específica nas questões dietéticas. Este não é um livro de dieta. Tampouco é um livro de nutrição (embora devesse ser lido por todos os nutricionistas e seus pacientes!), não é um livro com dicas para curar isso ou aquilo. É um livro de filosofia crítica da alimentação galactófila. Um livro de ética, que urge ser lido. As vacas agonizam, os vitelos agonizam, o planeta agoniza, afogado em tanto excremento. O objeto dessa ética é a vaca e o que a exploração letal dessa fêmea representa, contra seus interesses fundamentais, os interesses do ambiente natural e os da saúde humana.
Se o livro é crítico, a quem essas críticas se destinam? Sônia esclarece que a crítica se destina a cada um que come o que lhe é imposto, pela propaganda ou pelo hábito familiar, sem se perguntar pela origem e a pegada desse alimento; a cada profissional que prescreve o leite na dieta das pessoas, como se ele fosse remédio, quando na verdade, para muitas, ele é nocivo; a todos os que ingerem leite e derivados, sem calcular o montante de cereais e grãos que foi dado de comer às vacas, o montante da água potável que é dada às vacas, e, lamentavelmente, o montante (equivalente ao da água e comida ingeridas) que elas excretam.
Parte do texto de Galactolatria: mau deleite é dedicada a apresentar os cálculos daqueles montantes. Cada leitor pode agora saber quanto cereal, água e excrementos uma inocente fatia de queijo em seu sanduíche representa para o planeta. Segundo Sônia T. Felipe, não haverá movimento ambientalista genuíno, em nosso país, ou em qualquer outro, enquanto os próprios ambientalistas continuarem a ingerir leite e laticínios, ignorando os dados que estão neste livro.
Há elogios? A quem eles se destinam? Não há elogios. Na opinião da autora, ainda estamos longe de merecer elogios por nossos hábitos alimentares. O momento não é para festejar nada, ainda. Mas há esperanças. “Por vias distintas”, concede Sônia, “há muitas pessoas que já tomaram decisões morais no quesito alimentação. Acho que Galactolatria: mau deleite vem para dar novo alento aos defensores dos animais, aos veganos abolicionistas, declara a autora. Mas não apenas a eles. Este livro também pode ser de grande alento para todas as famílias que têm membros sofrendo as mazelas da ingestão do leite bovino. E, por fim, este livro pode ajudar muitos vegetarianos, que ainda ingerem laticínios, a tomarem a decisão final de abolir de sua dieta esses alimentos, por uma questão de coerência ética”, enfatiza Sônia T. Felipe.
À questão de se as mazelas, que podem ser atribuídas à ingestão do leite, são comuns, no Brasil, ou apenas em outras sociedades, Sônia responde, sem rodeios: “o que ainda não é comum é as pessoas saberem que suas mazelas podem dever-se à ingestão do leite bovino e seus derivados. Dada a composição racial brasileira (afro, asiática, judaica, indígena, árabe e outras), não seria de espantar se, de cada 100 pessoas, umas 70 fossem diagnosticadas como intolerantes ao leite, não apenas porque em seus organismos cessou ou diminuiu a produção da lactase, a enzima responsável pela digestão do açúcar do leite, mas também pelas proteínas bovinas que nosso sistema digestório não evoluiu para bem digerir, ou mesmo pela composição maléfica do leite, conforme referido acima”, alerta Sônia.
“Na evolução humana”, prossegue a autora de Galactolatria, “o leite bovino não é um alimento essencial, embora ele seja adotado em vários continentes. Entretanto, a maioria dos humanos (orientais, indígenas e africanos) não o ingere na forma pasteurizada e homogeneizada, apenas na fermentada. Somente algumas heranças genéticas (caucasianos e poucas tribos africanas com tradição milenar na criação do gado bovino) mantêm a produção da lactose após a primeira dentição, e, ainda assim, nem todos”, afirma Sônia. “Essas pessoas continuam a ingerir leite sem padecer dos males comuns àqueles que não o podem digerir direito. Mas isso está fartamente explicado em Galactolatria. Vamos, então, à leitura?”, conclui a autora.
Serviço:
Galactolatria: mau deleite
Sônia T. Felipe
Ecoânima, 2012
304 páginas
Preço: R$45,00 + frete
Acesse a página da obra no Facebook
Escreva para galactolatria@gmail.com e encomende o seu!
O livro também pode ser adquirido pela ANDA. Basta enviar uma mensagem com seu pedido para faleconosco@anda.jor.br.

segunda-feira, 8 de outubro de 2012

 
 
08/10/2012- 07h58

DECISÃO
Salário pode ser penhorado para pagar dívida de pensão alimentícia acumulada
Os vencimentos, soldos e salários, entre outras verbas remuneratórias do trabalho, podem ser penhorados para o pagamento de prestação alimentícia. A execução desse crédito, mesmo que pretérito, por quantia certa, não transforma sua natureza nem afasta a exceção à impenhorabilidade daquelas verbas. A decisão é da Terceira Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ).

O entendimento contraria posição adotada pelo Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul (TJRS). Para os desembargadores gaúchos, a penhora deveria ser afastada porque a execução seguia o rito da quantia certa e dizia respeito a dívida não atual.

Recalcitrância premiada
Para a ministra Nancy Andrighi, porém, ao contrário do que entendeu o TJRS, ao se permitir o afastamento da penhora em razão da passagem do tempo de inadimplência, a situação de quem necessita de tais prestações de natureza alimentar só piora. Segundo ela, as medidas deveriam ser progressivamente mais incisivas, e não abrandadas.

“Não admitir a constrição de verbas salariais, por efeito do lapso temporal já transcorrido desde o não pagamento da dívida de alimentos, resulta em inaceitável premiação à recalcitrância do devedor inadimplente”, afirmou a relatora.

Quantia certa

Além disso, ela considerou “manifestamente descabida” a interpretação do TJRS quanto ao rito de execução. Conforme explicou a ministra, o dispositivo que excepciona a regra de impenhorabilidade de salário e verbas similares (art. 649, § 2°, do CPC) se situa exatamente no capítulo do Código de Processo Civil que trata dessa modalidade específica de execução: “Da execução por quantia certa contra devedor solvente.”

“A despeito dessa disposição legal expressa, o TJRS afastou a constrição – determinada pelo juiz de primeiro grau para garantia da execução de verba alimentar – de parte do soldo percebido pelo recorrido, sob o fundamento de que, ‘sendo caso de dívida alimentar não revestida de atualidade e executada sob o rito da quantia certa, resta afastado o caráter alimentar’”. Para a ministra, não há como esse argumento subsistir.

O número deste processo não é divulgado em razão de sigilo judicial.

domingo, 7 de outubro de 2012




08h00 - 07/10/2012
Indenização por danos morais
 
Muito se fala de indenização por danos morais, mas, de fato, boa parte da população não sabe quando exigi-la. O Artigo 5º da Constituição Federal, em seu inciso V, prevê a possibilidade desse tipo de ressarcimento quando diz que “é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização por dano material, moral ou à imagem”.
O prejuízo moral é aquele que ofende princípios que se referem, por exemplo, à honra, à liberdade e à dignidade da pessoa. A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça , ou seja, o entendimento já consolidado do STJ, admite que o dever de indenizar existe de acordo com a dimensão do dano.
Mas quando há o direito de receber alguma compensação nesse sentido? Para se ter uma ideia, muitos casos chegam ao Tribunal da Cidadania com pedidos de reparação financeira em consequência de dano moral. Em um deles, a Terceira Turma, que julga matérias de Direito Privado, determinou que a Nestlé pagasse R$ 15 mil ao guarda municipal Abel Domingos da Costa, que mora em Uberaba (MG). Ele consumiu leite condensado contaminado por uma barata que estava dentro do produto.
Abel explica que se sentiu mal, com náuseas e vômitos, depois de ingerir o saboroso leite condensado. Ele entrou em contato com a Nestlé, mas disse que foi desacreditado pela empresa. A situação causou traumas para toda a vida.
“É uma situação em que a gente confia no produto, ainda mais um produto caro – é o melhor que se coloca no mercado. Então, eu me senti mal mesmo. Me senti muito constrangido e enojado. Eu não como mais esse tipo de produto. Mas, a justiça em nosso país, realmente, funciona. E a pessoa que se sentir lesada, tem que procura-la para buscar seus direitos, porque, realmente, a gente consegue.”
Para a relatora do processo no STJ, ministra Nancy Andrighi, a sensação de náusea, asco e repugnância que atinge alguém nessa situação causa incômodo durante longo período, vindo à tona sempre que a pessoa se alimenta, interferindo profundamente no seu dia a dia.
Em outro caso semelhante, também de relatoria da ministra Nancy Andrighi, a Terceira Turma condenou a Unilever Brasil a pagar R$ 10 mil por danos morais a Cintia Mayerle Oliveira, que mora em Lageado (RS). A vendedora encontrou um preservativo masculino dentro de uma lata de extrato de tomate usado para preparar o jantar da família.
Ao entrar em contato com a multinacional, Cíntia conta que a fabricante se recusou a cobrir amigavelmente os prejuízos morais que havia sofrido na situação. Então, decidiu levar a embalagem para uma universidade analisar e, em seguida, acionou a justiça – o que, segundo ela, valeu a pena.
“O conselho que eu dou a essas pessoas que presenciam o que eu presenciei, que procurem realmente seus direitos. Então, perante essa decisão do STJ, com certeza, eu fiquei feliz”.
O advogado de Cíntia, Rubem Zanella, dá algumas dicas para quem se sentir prejudicado.
“Em primeiro lugar, é que procure o serviço de atendimento ao consumidor, se se tratar de fabricante ou de um fornecedor, e tente fazer uma composição. Porque, na verdade, quando existe a prova clara da lesão, o consumidor tem o direito de ser ressarcido. Na medida em que exista eventual negativa do fornecedor dou do fabricante em em compensar aquele dano verificado pelo consumidor, ele deve naturalmente procurar um advogado e fazer valer seus direitos. Porque, além de isso contribuir para que se previna outras ocorrências similares, a pessoa vai ter a compensação do abalo que teve”.
A ministra Nancy Andrighi, destacou que casos como esses servem de exemplo, uma vez que a divulgação dos fatos pela imprensa contribuiu para que a indignação dividida com todos se transformasse em sentimento de dever cumprido.


Autor(a):Coordenadoria de Rádio/STJ